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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Um minuto apenas...



Lúcia era uma mulher feliz.
Como poucas, acreditava.
Casada com o homem por quem se
apaixonara nos verdes anos da adolescência, vivia o sonho da mulher realizada.
Um filho lhe viera coroar a felicidade.
Que mais ela poderia
desejar?
Acordava pela manhã e saudava o dia
cantarolando. Com alegria realizava as tarefas do lar, cuidava do filho,
aguardava o marido.
Tudo ia muito bem. Até o dia em que
descobriu que o homem que tanto amava, a traía. E não era de agora. O problema
vinha tomando corpo de algum tempo.
Magoada, se dirigiu ao marido.
Exigiu-lhe e falou-lhe de respeito.
A resposta foi brutal, violenta. O
homem encantador tornou-se raivoso, briguento. Chegou a lhe bater.
Foi nesse dia que Lúcia teve a
certeza de que seu casamento acabara. Era o cúmulo.
Não poderia prosseguir a viver com
alguém que chegara à agressão física.
Então, acordou na manhã de tristeza,
depois de uma noite de angústia e tomou uma séria decisão.
Iria se matar. Acabar com a própria
vida. Mais do que isto. Ela desejava vingança.
Por isto, tomou o filho de 4 anos
pela mão e decidiu que o mataria. Queria que o marido ficasse com drama de
consciência.
Seu destino era o Farol da Barra, na
cidade de Salvador, na Bahia, onde residia. Ela sabia que era um local onde o
mar batia com violência no penhasco.
A rua por onde transitava era
movimentada. Muitos carros. Enquanto aguardava para atravessar a rua, a criança
lhe escapou das mãos e correu, entre os carros. Ela se desesperou.
Estranho paradoxo. Conduzia a
criança pela mão e tencionava jogá-la do penhasco ao mar para que
morresse.
Mas, quando a vê correr perigo,
esquecida de si mesma, vai-lhe ao encontro, agarra-a, até um pouco raivosa.
Puxa-­a pela mão.
Neste momento, a criança se abaixa,
alheia a tudo que se passava, e recolhe do chão um papel.
Lúcia o arranca das mãos do pequeno
e um título, em letras grandes, lhe chama a atenção: Um minuto
apenas.
Ela lê: Num minuto apenas, a
tormenta acalma, a dor passa, o ausente chega. O dinheiro muda de mão, o amor
parte, a vida muda.
Vai andando, puxando a criança e
lendo a página. Era uma página mediúnica que vinha assinada por um
Espírito.
Ela terminou de ler. Passou o
ímpeto. Em um minuto. Parou, olhou ao redor e verificou que tinha chegado ao seu
destino. O penhasco estava próximo. Sentou-se e teve uma crise de
choro.
O impulso de se matar havia
desaparecido. Tornou a ler a mensagem. Ela se recordou de um senhor que era
espírita e trabalhava no Banco, no mesmo onde seu marido trabalhava.
Foi para casa. Lembrou que um dia,
jantando em casa dele, ele falara algo sobre Espiritismo. Algo que ela e o
marido, por terem outra formação religiosa, rechaçaram de imediato.
Ela lhe telefonou, pediu-lhe
orientação e ele a encaminhou a um Centro Espírita.
Atendida por companheiro dedicado,
que lhe ouviu os gritos da alma aflita, passou a buscar na oração sincera, na
leitura nobre, no passe reconfortante, as necessárias forças para superar a
crise.
O marido, notando-lhe a mudança, a
calma, no transcorrer dos dias, a seguiu em uma das suas saídas do lar.
Desconfiado, adentrou ele também à Casa Espírita. Para descobrir uma fonte de
consolo e esclarecimento.
Hoje, ambos trabalham na Seara
Espírita. Reconstituíram sua vida, refizeram-se. Os anos rolaram. O garoto é um
adolescente e mais dois filhos se somaram a ele.
* * *
Mudança de rumo. A vida muda. Em um
minuto apenas. Em um minuto apenas Deus providencia o socorro.
Pode ser um coração atento, uma mão
amiga ou um pedaço de papel impresso caído na calçada. Papel que o vento não
levou para longe.
Um minuto apenas e o amor volta. A
esperança renasce. Um minuto apenas e o sol rompe as nuvens, clareando
tudo.
Não se desespere. Espere. Um minuto
apenas. O socorro chega. O panorama se modifica. A vida refloresce.
Tenha paciência. Não se entregue à
desesperança. Aguarde. Enquanto você sofre, Deus providencia o
auxílio.
Aguarde. Um minuto apenas. Sessenta
segundos. Uma vida.
Um minuto a mais...
* * *
Em um minuto apenas, a Misericórdia
Divina se derrama, cheia de bênçãos, nas vielas escuras dos passos humanos.
Corrige, saneia, repara, transformando-as em estradas luminosas no rumo da vida
maior.

Redação do Momento
Espírita, com base no cap. 24 do livro O Semeador de Estrelas, de Suely Caldas
Schubert, ed. Leal.
Disponível no CD
Momento Espírita, v. 1, ed. Fep. Em: 11/1/2010.

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