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domingo, 16 de janeiro de 2011

CERIMÔNIA DE CASAMENTO DE MICHELLE & DENYS




Palavra Introdutória:

“Contentamento descontente”

...Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;

Luís Vaz de Camões

Amar é querer estar preso ao lado de quem se ama por livre vontade. Querer mais do que uma aventura, mais do que um momento de prazer.
Amar nas palavras do grande poeta da língua portuguesa é querer estar preso a alguém por vontade própria. Querer estar junto (preso por vontade) de quem se ama a vida toda.

O dia em que o sol parou para ser testemunha do brilho ofuscante, e as nuvens exibiram seu resplendor com brancura alva.
O dia em que os pássaros cantam como um coral celestial e as flores emprestam sua beleza para que este dia se revista de uma grandeza única e memorável.
Este dia que reveste de grande importância, pois quis Deus e o destino que estivéssemos aqui para testemunhar a celebração do matrimônio de Denys e Michelle.

Momento de oração:

Que o Deus que paradoxalmente mora nas alturas dos céus e na interioridade de cada pessoa, nos ouça na petição que iremos fazer com os pensamentos voltados para estes que hoje se tornam uma só pessoa.

Mensagem:
Gênesis 2.18

“Então o Senhor Deus declarou: ‘não é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda”.

A vida é feita só de momentos

Na vida ainda não chegamos, estamos sempre a caminho, aliás, a vida é uma caminhada, e essa caminhada é formada de pequenas frações de tempo a que chamamos de momento. Agora, o que determina como será nossa caminhada é a maneira como vivemos cada momento e as escolhas que fazemos no dia-a-dia.
Hoje, estamos diante de duas pessoas que escolheram fazer esta caminhada juntos e participar ou comungar, dividir, repartir seus momentos mutuamente, portanto, não perca o hoje, o agora. Viva a vida com o entendimento que cada momento é único, não tem como viver a vida com as sobras do tempo que já se passou.
Escolher caminhar junto de quem se ama, e dividir cada momento é mais que uma formalidade, é mais que uma cerimônia religiosa como esta; é mais que assinar um contrato de casamento. Viver com alguém que se quer bem é construir um estilo de vida a dois, é viver em “conjugalidade” do latim conjunctio – conjunção; união; amizade. Por isso acredito que Deus tenha dito: “... Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá (conjugalis, conjunctio) à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne...”. Gn 2.24. Porque casamento é uma aliança de vida. Casamento é uma coisa que se constrói todo dia, e essa construção nunca deve ser unilateral, ou seja, ambos devem participar.
Nessa caminhada, pode faltar quase tudo, menos o amor; ou nas palavras de Charles Chaplin: “O homem não morre quando deixa de viver, mas quando deixa de amar”.
Portanto, finalizo com as palavras de Paulo apóstolo, dirigida aos Coríntios 13.1-7:

“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tivesse amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine.
Ainda que eu tenha o dom de profecia e saiba todos os mistérios do conhecimento, e tenha uma fé capaz de remover montanhas, se não tiver amor, nada serei. Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me valerá.
O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja (não arde em ciúmes), não se vangloria, na se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”.

Que Deus vos abençoe sempre!

Gilvan Lourenço França de Araújo

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

NUM DIA DESSES MERGULHEI NOS OLHOS DE ALGUÉM.


Às vezes é preciso aprender a perder, a ouvir e não responder, a falar sem nada dizer, a esconder o que mais queremos mostrar, a dar sem receber, sem cobrar, sem reclamar.

Às vezes, é preciso respirar fundo e esperar que o tempo nos indique o momento certo para falar e então alinhar as ideias, usar a cabeça e esquecer o coração, dizer tudo o que se tem a dizer, não ter medo de dizer não, não esquecer nenhuma ideia, nenhum pormenor, deixar tudo bem claro em cima da mesa para que não restem dúvidas e não duvidar nunca daquilo que estamos a fazer.

Às vezes, é preciso partir antes do tempo, dizer aquilo que mais se teme dizer, arrumar a casa e a cabeça, limpar a alma e prepará-la para um futuro incerto, acreditar que esse futuro é bom e afinal já está perto, apertar as mãos uma contra a outra e rezar a um deus qualquer que nos dê força e serenidade.

Pensar que o tempo está a nosso favor, que a vontade de mudar é sempre mais forte, que o destino e as circunstâncias se encarregarão de atenuar a nossa dor e de a transformar numa recordação ténue e fechada num passado sem retorno que teve o seu tempo e a sua época e que um dia também teve o seu fim.

Às vezes, mais vale, arrumar do que cultivar.
No ar ficará para sempre a dúvida se fizemos bem, mas pelo menos temos a paz de ter feito aquilo que devia ser feito, somos outra vez donos da nossa vida e tudo é outra vez mais fácil, mais simples, mais leve, melhor.

Às vezes, é preciso mudar o que parece não ter solução, deitar tudo abaixo para voltar a construir do zero, bater com a porta e apanhar o último comboio no derradeiro momento e sem olhar para trás, abrir a janela e jogar tudo borda fora, queimar cartas e fotografias, esquecer a voz e o cheiro, as mãos e a cor da pele, apagar a memória sem medo de a perder para sempre, esquecer tudo, cada momento, cada minuto, cada passo e cada palavra, cada promessa e cada desilusão, atirar com tudo para dentro de uma gaveta e deitar a chave fora, ou então pedir a alguém que guarde tudo num cofre e que a seguir esqueça o segredo.

Às vezes, é preciso saber renunciar, não aceitar, não cooperar, não ouvir nem contemporizar, não pedir nem dar, não aceitar nem participar, sair pela porta da frente sem a fechar, pedir silêncio paz e sossego, sem dor, tristeza e sem medo de partir.
E partir para outro mundo, para outro lugar.


Quando o viajante tinha dez anos, a mãe obrigou-o a fazer um curso de educação física.
Um dos exercícios era saltar de uma prancha para a água. Ele morria de medo. Ficava em último lugar da fila e sofria com cada menino que saltava à sua frente, porque em pouco tempo chegaria o momento do seu salto. Um dia, o professor – vendo o seu medo – obrigou-o a ser o primeiro a saltar. Teve o mesmo medo mas acabou tão rápido que passou a ter coragem.
Diz o mestre:
Muitas vezes temos que dar tempo ao tempo. Outras vezes, temos que arregaçar as mangas e resolver a situação. Neste caso, não existe coisa pior que adiar.

Salta como se o amanhã não existisse.
Fecha os olhos e acredita nos teus sonhos, um dia serão reais.
Salta sem medo, esquece as mágoas e voa ao sabor do vento.
Fecha os olhos e sente a musica que toca cá dentro.
Mergulha nos olhos da pessoa que te quer bem.
Esquece o tempo e abraça, abraça muito quem não queres perder.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

A Saudade fala português



Eu tenho saudades de tudo que marcou a minha vida
Quando vejo retratos, quando sinto cheiros,
Quando escuto uma voz, quando me lembro do passado,
Eu sinto saudades...

Sinto saudades de amigos que nunca mais vi,
De pessoas com quem não mais falei ou cruzei...
Sinto saudades da minha infância,
Do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro,
Do penúltimo, e daqueles que ainda vou vir a ter,
Se Deus quiser...

Sinto saudades do presente, que não aproveitei de todo,
Lembrando do passado e apostando no futuro...
Sinto saudades do futuro, que se idealizado,
Provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser...

Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei,
De quem disse que viria e nem apareceu;
De quem apareceu correndo, sem tempo de me conhecer direito,
De quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.

Sinto saudades dos que se foram
E de quem não me despedi direito,
Daqueles que não tiveram como me dizer adeus;
De gente que passou na calçada contrária da minha vida
E que só enxerguei de vislumbre;
De coisas que eu tive e de outras que não tive, mas quis muito ter;
De coisas que nem sei como existiram, mas que se soubesse,
De certo gostaria de experimentar;

Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que,
Não sei aonde,
Para resgatar alguma coisa que nem sei o que é
E nem onde perdi...

Vejo o mundo girando e penso que poderia estar
Sentindo saudades em japonês,
Em russo, em italiano, em inglês,
Mas que minha saudade,
Por eu ter nascido brasileira,
Só fala português embora, lá no fundo, possa ser poliglota.

Aliás, dizem que se costuma usar sempre a língua pátria,
Espontaneamente, quando estamos desesperados,
Para contar dinheiro, fazer amor e declarar sentimentos fortes,
Seja lá em que lugar do mundo estejamos.
Eu acredito que um simples "I miss you",
Ou seja, lá como possamos traduzir saudade
Em outra língua, nunca terá a mesma força
E significado da nossa palavrinha.

Talvez não exprima, corretamente,
A imensa falta que sentimos de coisas ou pessoas queridas.

E é por isso que eu tenho mais saudades...
Porque encontrei uma palavra para usar
Todas as vezes que sinto este aperto no peito,
Meio nostálgico meio gostoso,
Mas que funciona melhor do que um sinal vital
Quando se quer falar de vida e de sentimentos.

Ela é a prova inequívoca de que somos sensíveis,
De que amamos muito do que tivemos e lamentamos as coisas boas
Que perdemos ao longo da nossa existência...

Sentir saudade é sinal de que se está vivo!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Folha de São Paulo - Filhos Gays


Faça as pazes com seu filho gay

SÉRGIO RIPARDO
Editor de Ilustrada da Folha Online

Em algum lugar, há um filho gay ou lésbica que chora a distância de seu pai e sua mãe. Às vezes, diante da rejeição familiar, um dos caminhos é o exílio. É preciso sobreviver emocionalmente e tentar viabilizar uma identidade sexual sem mentiras nem pressões e, em muitos casos, sem violência.

Gays e lésbicas fogem das cobranças de cumprir o script heterossexual, dos pitis dos pais, da lembrança constante de ser um fracasso em relação às expectativas do clã, das situações de vexame, escárnio e vergonha. Não é fácil ser a "ovelha negra" (ou pink) ou a "lepra" da família (termo banido, mas a sensação é essa).

Para os pais que se arrependem de ter repelido seus rebentos devido à orientação sexual, há sempre a chance de repensar suas posições e buscar a reconquista da confiança de seu filho.

É preciso tentar entendê-lo. Aproxime-se. Faça um mea-culpa na condução desse conflito. Prove que suas atitudes mudaram. Expresse sua aceitação tardia. Livre-se das idéias de um mundo atrasado, ultrapassado e autoritário. Ninguém tem culpa de sentir qualquer tipo de desejo. Reprimir só gera monstros.

Não seja durão. Desprezar um filho que tenta ser autêntico e verdadeiro não é a melhor dívida a se ter na vida. Primeiro, busque informação. Converse com outros pais. Seja humilde. reconheça suas limitações, mas deixe claro seu esforço em ser mais humanista. Drible a insistência no mundo das mensagens subliminares que perpetuam o ódio ao diferente.

Não precisa ser militante nem proclamar aos quatro ventos que seu filho é gay. Não precisa nem participar de uma Parada Gay, embora essa experiência seja importante para se convencer do conceito "diversidade". Por mais óbvio que seja, não há um único modelo ou embalagem de "ser gay". No cotidiano, enfrente as dificuldades com seu filho. Não implique com seus namorados nem com a troca de carinho entre eles (ou elas).O parceiro dele pode ser mais velho, pode ser mais efeminado ou masculinizado ou simplesmente um vigarista e aproveitador. Mas não julgue nem interfira explicitamente. Não invada a privacidade dele. Não mexa nas suas coisas procurando provas. Não espione. Não force uma barra. Não o encha de perguntas.

Ao ouvir pela primeira vez seu filho saindo do armário, não surte. Não torne as coisas mais dramáticas nem traumáticas. Não seja abusivo. Não reze. Não chore. Não marque uma consulta médica. Apenas abrace. Apenas beije. Não precisa de palavras. Apenas controle o seu pensamento e as suas ações na busca de respostas para estas questões: como posso manifestar meu apoio de pai ou mãe? Como posso deixar claro que estarei ao seu lado e sempre o defenderei? Como posso evitar magoá-lo emitindo algum sinal inconveniente ou ofensivo? Como posso me tornar superior ao senso comum dos preconceitos? Como posso explicitar o meu respeito a sua individualidade e ao seu direito de ser livre e feliz?