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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A bunda, que engraçada

Está sempre sorrindo, nunca é trágica.

Não lhe importa o que vai

Pela frente do corpo. A bunda basta-se.

Existe algo mais? Talvez os seios.

Ora - murmura a bunda - esses garotos

Ainda lhes falta muito que estudar.

A bunda são duas luas gêmeas

Em rotundo meneio. Anda por si

Na cadência mimosa, no milagre

De ser duas em uma, plenamente.

A bunda de diverte

Por conta própria. E ama.

Na cama agita-se. Montanhas

avolumam-se, descem. Ondas batendo

numa praia infinita.

Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz

Na carícia de ser e balançar.

Esferas harmoniosas sobre o caos.

A bunda é a bunda,

redunda.


(Carlos Drummond de andrade)

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