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domingo, 19 de setembro de 2010

Sonha (Celso Japiassu)





Ao homem o pensamento lhe dizia sonha,

e a memória de amarras o prendia

a coisas mortas e a coisas que morriam.



Tecido em opaco, o olhar alcançava

o horizonte, as cores desmaiadas

e as demais roupagens de um dia.



A sombra desse dia anunciava a noite

e esta escondia o ritual da aurora

que trafegava num circulo sem nome.



Um rosto velho escondia-se

em outra face perdida e no silêncio

uma criança contemplava e ria.



O tempo estiolava-se ao sol

e ampliava o sonho

na própria noite onde crescia.



Éramos poucos. A madrugada

ecoava e a margem de um rio

reverbera a palavra e silencia.

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