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terça-feira, 28 de dezembro de 2010
Lembranças (Roberto/Erasmo)
Já faz tanto tempo que eu deixei
De ser importante pra você
Já faz tanto tempo que eu não sou
Que na verdade eu nem cheguei a ser
E quando parti deixei ficar
Meus sonhos jogados pelo chão
Palavras perdidas pelo ar
Lembranças contidas nesta solidão
Eu já nem me lembro quanto tempo faz
Mas eu não esqueço que te amei demais
Pois nem mesmo o tempo conseguiu fazer esquecer você
Fomos tudo aquilo que se pode ser
Meu amor foi mais do que se pode crer
E nem mesmo o tempo conseguiu fazer esquecer você
Tentei ser feliz ao lado seu
Fiz tudo que pude mas não deu
E aqueles momentos que guardei
Me fazem lembrar o muito que te amei
E hoje o silêncio que ficou
Eu sinto a tristeza que restou
Sempre um vazio em minha vida
Quando relembro nossa despedida
Saudade (Chico César et Moska)
Saudade a lua brilha na lagoa
Saudade a luz que sobra da pessoa
Saudade igual farol engana o mar
Imita o sol
Saudade sal e dor que o vento traz
Saudade o som do tempo que ressoa
Saudade o céu cinzento a garôa
Saudade desigual
Nunca termina no final
Saudade eterno filme em cartaz
O acaso da saudade fogo frio
Quem foge da saudade
Preso por um fio
Se afoga em outras águas
Mas do mesmo rio.
O Nunca Mais.
Você bem sabe que eu vivo triste aqui
e que a saudade que me invade corroi tudo em mim
Vem, meu amado, e diz pra mim o que quer
E eu te darei bem mais que o corpo e a alma de uma mulher.
Quando um amor devoto como o meu
entrega aos céus e ao tempo tudo que perdeu,
espera mais do que pode esperar.
Uma mulher que te amou tanto quanto eu.
Resta sempre na lembrança uma esperança
de ter de novo o seu bem querer.
E é tão raro querer como te quero
e suportar sem desespero o grito no cais
em silêncio sem saber aonde vais,
na infinita janela do nunca mais.
E o nunca mais quer fechar a minha janela
O nunca mais quer amargar a minha fé
O nunca mais, que te levou pro mundo,
quer roubar também a paz de quem te quer.
Você bem sabe que eu vivo triste aqui...
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
Eu sei, mas não devia (Marina Colasanti)
Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.
(1972)
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Até Tocar O Céu (Eyshila)
Até tocar o Céu
Até tocar o Céu
Vou te buscar
Vou te adorar
Até tocar o Céu
É tempo de vigiar e orar
É Tempo de buscar a face de Deus
É tempo de receber a sua direção
e o seu poder
É tempo de se levantar e agir
É tempo de ampliar a visão
É tempo de se arrepender
e clamar pelo Seu perdão.
É tempo de viver a realidade
De uma vida de temor e santidade
Com os olhos espirituais abertos
Pois a vinda de Jesus está muito perto
É tempo de parar de murmurar
E abrir a boca para abençoar
Porque somos os profetas desse tempo
Somos a geração do avivamento
Geração que renuncia o pecado,
mas ama o pecador
Geração que abre mão de tudo
por causa do Senhor
Geração que não tolera Jezabel
Geração que ora como Daniel
Geração que busca a Deus
Até tocar o Céu
Vou te buscar
Vou te adorar
Até tocar o Céu
sábado, 11 de dezembro de 2010
POR ACASO? SIM, TE VI E EVITEI FITARMOS...
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Piano Bar (Engenheiros do Hawaii)
O que você me pede eu não posso fazer
Assim você me perde e eu perco você
Como um barco perde o rumo
Como uma árvore no outono perde a cor
O que você não pode eu não vou te pedir
O que você não quer, eu não quero insistir
Diga a verdade, doa a quem doer
Doe sangue e me dê seu telefone
Às vezes fica longe, impossível de encontrar
ANALISANDO UMA CONVERSA. ANÁLISE DO DISCURSO EM LINHA FRANCESA.
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
Vá (Vanessa da Mata)
Não fale mais, leve o que é seu e só
Vá
Que o sol já vem e com ele outro dia
Vá
Se descobrir,
Vá crescer, entender e saber
O que quer, quem você quer,
Não me faça mais chorar
Como se eu fosse nada, para o ego do meu bem,
Quantas você tem? Quantas você faz sofrer?
Seduzindo o mundo, quantas ficam ao seu bel prazer?
Cresça, me deixe em paz, mesmo que eu sofra mais
Agora tudo é seu, amanha serei bem mais feliz
Vá
Se descobrir,
Vá crescer, entender e saber
O que quer, quem você quer,
Não me faça mais chorar
Como se eu fosse nada, para o ego do meu bem,
Quantas você tem? Quantas você faz sofrer?
Seduzindo o mundo, quantas ficam ao seu bel prazer?
Cresça, me deixe em paz, mesmo que doa mais
Agora tudo é seu, amanha serei bem mais feliz
Preciso ser mais forte, para não voltar atrás
Aliviando desespero, para adiar o sofrimento
Cresça,
Me deixe em paz, mesmo que doa mais
Agora tudo é seu
Amanhã serei bem mais feliz (2x)
As Palavras (Vanessa da Mata)
As palavras saem quase sem querer,
rezam por nós dois.
Tome conta do que vai dizer.
Elas estão dentro dos meus olhos,
da minha boca, dos meus ombros.
Se quiser ouvir é fácil perceber.
Não me acerte, não me seque,
me dê absolvição.
Faça luz onde há involução.
Escolha os versos para ser meu bem e não ser meu não.
Reabilite o meu coração.
Tentei, rasguei sua alma e pus no fogo.
Não assoprei, não relutei.
Os buracos que eu cavei não quis rever
Mas o amargo delas, resvalou em mim.
Não deu direito de viver em paz
Estou aqui para te pedir perdão
Não me acerte, não me seque,
me dê absolvição.
Faça luz onde há involução.
Escolha os versos para ser meu bem e não ser meu não.
Reabilite o meu coração.
As palavras fogem se você deixar
O impacto é grande demais
Cidades inteiras nascem a partir daí
Violentam, enlouquecem não me fazem dormir
Adoece e curam, não me dão limites
Vá com carinho, no que vai dizer
Não me acerte, não me seque,
me dê absolvição.
Faça luz onde há involução.
Escolha os versos para ser meu bem e não ser meu não.
Reabilite o meu coração.
Encontro (Maria Gadú)
Sai de si
Vem curar teu mal
Te transbordo em som
Poe juizo em mim
Teu olhar me tirou daqui
Ampliou meu ser
Quero um pouco mais
Não tudo
Pra gente não perder a graça no escuro
No fundo
Pode ser até pouquinho
Sendo só pra mim sim
Olhe só
Como a noite cresce em glória
E a distância traz
Nosso amanhecer
Deixa estar que o que for pra ser vigora
Eu sou tão feliz
Vamos dividir
Os sonhos
Que podem transformar o rumo da história
Vem logo
Que o tempo voa como eu
Quando penso em você
Olhe só
Como a noite cresce em glória
E a distância traz
Nosso amanhecer
Deixa estar que o que for pra ser vigora
Eu sou tão feliz
Vamos dividir
Os sonhos
Que podem transformar o rumo da história
Vem logo
Que o tempo voa como eu
Quando penso em você
domingo, 5 de dezembro de 2010
João de Barro (Maria Gadu)
sábado, 4 de dezembro de 2010
Definitivo, como tudo o que é simples.
Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz. Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade interrompida.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar. Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender. Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada. Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: se iludindo menos e vivendo mais.
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
Porta Da Vitória (Beatriz Silva)
Andaram dizendo que eu não seria capaz
Chegaram a falar que os meus sonhos ficaram pra traz
Tentaram de todas as formas me interromper
Falando esta luta é maior você não vai vencer
E eu sofrendo ali calada esperando em Deus
Por mais que fui caluniada, esperança não morreu
E Deus não suportando mais ver o meu sofrimento
Do seu trono levantou e disse é agora
Que pra você estou abrindo a porta da vitória!
Os meus inimigos foram surpreendidos
Ficaram surpresos sem acreditar
E esse Deus tremendo já estava em cena pra
contrascenar
Eu fui humilhada, mas valeu a pena
Tive recompensa da parte de Deus
E pra chegar aqui, você nem imagina o que aconteceu
CORO
O céu se abriu, o inferno parou
Na frente do inimigo Deus me exaltou
A fúria foi maior quando eu peguei nas mãos Meu troféu de glória escrito vencedor
Passei pelo vale, fui caluniada
Eu cheguei ser alvo de acusação
Mas Deus me exaltou
Pra honra e glória dEle me fez campeão
Fez campeão
Ele me fez campeão..
Maria Gadú – Multishow Ao Vivo
Músicas
CD 01
01 Encontro
02 Bela Flor
03 Shimbalaiê
04 Tudo diferente
05 Dona Cila
06 Lanterna dos Afogados
07 A História de Lily Braun
08 Altar Particular
09 Paracuti – Part. Luiz Murá
10 Aurora – Part. Dani Black
11 A Culpa – Part. Varandistas
CD 02
01 Linda Rosa – Part. Leandro Léo
02 Quando fui Chuva – Part. Luis Kiari
03 João de Barro – Part. Leandro Léo
04 Laranja – Part. Leandro Léo
05 Filosofia / You know I’m no Good
06 Lounge
07 Trem das Onze
08 Quase sem Querer
09 Escudos
10 Who Knew
11 Ne me Quitte Pas
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
CADÊ VOCÊ MEU AMOR, QUE SÓ VOCÊ ME ENTENDE DO INICIO AO FIM?
CHOREI - Não pude conter-me!
As lágrimas corriam pressurosas.
Perguntas a dor
Por que dói a saudade ?
por que dói saber que jamais irei te ver ?
Por que dói amar e não ter retorno ?
Por que dói um amor impossível ?
Por que dói seguir um caminho que tempos a traz era planejado e feliz e que agora se tornou um tormento sem fim ?
Por que dói saber que toda a culpa é minha ?
Por que dói saber que posso ter sido apenas mais uma ?
Por que dói te amar ?
Por que dói me odiar por não conseguir te odiar ?
Por que dói não conseguir te esquecer ?
Por que dói as lembranças ?
Por que dói relembrar promessas e planos sabendo que não passaram apenas de palavras ditas ?
Para todas essas perguntas , não existe o por que , não existe a solução , nem o tempo nem o silencio , apenas dói , dói saber que essas dor não tem cura ...
SAUDADES DE TI PANDA...
Grande Sertão Veredas (Guimarães Rosa)
Aquele lugar, o ar. Primeiro, fiquei sabendo que gostava de
Diadorim – de amor mesmo amor, mal encoberto em amizade.
Me a mim, foi de repente, que aquilo se esclareceu: falei comigo.
Não tive assombro, não achei ruim, não me reprovei – na hora.
Melhor alembro.
…………
O nome de Diadorim, que eu tinha falado, permaneceu em
mim. Me abracei com ele. Mel se sente é todo lambente –
“Diadorim, meu amor...” Como era que eu podia dizer aquilo?
………
E como é que o amor desponta.
…..
Coração cresce de todo lado. Coração vige feito
riacho colominhando por entre serras e varjas, matas e campinas.
Coração mistura amores. Tudo cabe.
………
E eu – como é que posso explicar ao senhor o poder de amor que eu
criei? Minha vida o diga. Se amor ?
... Diadorim tomou conta de mim.
………….
E de repente eu estava gostando dele, num descomum, gostando ainda mais do que antes, com meu coração nos pés, por pisável; e dele o tempo todo eu tinha gostado. Amor que amei – daí então acreditei.
……
Um Diadorim só para mim. Tudo tem seus
mistérios. Eu não sabia. Mas, com minha mente, eu abraçava
com meu corpo aquele Diadorim-que não era de verdade. Não
era?
………………
Diadorim deixou de ser nome, virou sentimento meu
……..
Aquilo me transformava, me fazia crescer dum modo, que doía e prazia. Aquela hora, eu pudesse morrer, não me importava.
……….
Diz-que-direi ao senhor o que nem tanto é sabido: sempre que se começa a ter amor a alguém, no ramerrão, o amor pega e cresce é porque, de certo jeito, a gente quer que isso seja, e vai, na idéia, querendo e ajudando; mas, quando é destino dado, maior que o miúdo, a gente ama inteiriço fatal, carecendo de querer, e é um só facear com as
surpresas. Amor desse, cresce primeiro; brota é depois.
……..
Tudo turbulindo. Esperei o que vinha dele. De um aceso,
de mim eu sabia: o que compunha minha opinião era que eu, às
loucas, gostasse de Diadorim,
……
no fim de tanta exaltação, meu amor inchou, de
empapar todas as folhagens, e eu ambicionando de pegar em
Diadorim, carregar Diadorim nos meus braços, beijar, as muitas
demais vezes, sempre.
……
Abracei
Diadorim, como as asas de todos os pássaros
…….
Só se pode viver
perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a
gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um
descanso na loucura.
…….
amor é a gente querendo achar o que é da gente.
"Amor, Festa, Devoção" - Release para imprensa
Amor Festa Devoção - Maria Bethânia
Aos 45 anos de carreira, Maria Bethânia lança registro de espetáculo em homenagem a sua mãe, Dona Canô, gravado em março no Rio de Janeiro
Nos últimos anos, Maria Bethânia tem se debruçado em projetos que, em comum, falam muito sobre o Brasil. Segundo o poeta Ferreira Gullar, “uma cantora com profunda identificação com seu povo, sua cultura, suas raízes brasileiras”. Essa maneira muito própria de cantar a alma do brasileiro ganha mais um capítulo com Amor Festa Devoção, CD e DVD que registram a última turnê da intérprete.
Amor Festa Devoção, o show, deriva dos discos lançados por Bethânia no ano passado, Tua e Encanteria. Enquanto no primeiro o tema central é o amor, no último a celebração e a fé mananciais do povo brasileiro se apresentam através de 11 canções inéditas. O espetáculo nasceu dos dois discos, mas ganhou existência própria e trilhou caminhos muito mais amplos, a exemplo de todo e qualquer show de Maria Bethânia. Desta vez, a intérprete parte da tríade Amor Festa Devoção como fio condutor de um de seus trabalhos mais confessionais e afetivos:
- São palavras que me dão norte e que têm como subtexto a fé, a esperança e a caridade, características fortes em minha mãe. Isso explica a energia e o seu espírito para com a vida, os seus 103 anos... Tudo isso são aprendizados para mim. Só agora consigo traduzir em música, intenção e gesto tudo que ela representa para mim” – conceitua a cantora.
Assim, Bethânia parte das 22 novas canções dos discos Tua e Encanteria – das quais canta 18 no show – para tecer uma homenagem, a maior delas em 45 anos de carreira, à ‘mãe Canô’. Coincidentemente, as canções inéditas e temas abordados nos álbuns bivitelinos lançados no ano passado convergem todos para o fio condutor escolhido por Bethânia: as três palavras de ordem de sua mãe e, segundo a cantora, ‘ensinamentos dela para bem viver’. As músicas que completam o roteiro dão continuidade ao raciocínio da intérprete, formam um discurso único e linear: temas de Caetano Veloso (alguns inéditos na voz de Bethânia, como Queixa e Dama do Cassino), Chico Buarque (Vida), sucessos da carreira (como Explode Coração e O que é O que é, ambas de Gonzaguinha), além de canções do universo e dos tempos de Dona Canô - como Bom Dia (Herivelto Martins), Andorinha (Silvio Caldas) e Bandeira Branca (Max Nunes/ Laércia Alves) -, que sempre foi e é, ela, uma apaixonada por música.
A cenografia de Bia Lessa (que também assina a direção do espetáculo) se vale de elementos cênicos que identificam com muita clareza todo o conceito desenvolvido por Bethânia: o chão salpicado de rosas vermelhas, a madeira de tábua envelhecida, o manto também com rosas vermelhas e pequenas luzes internas que alternam cores, posição e ritmo, além de vários pequenos quadros com fotos de Anna Mariani (de fachadas de casas do interior do Nordeste) que retratam a fé, as pessoas e as coisas do Brasil tão presentes no canto, na essência e no discurso contundente desta artista que reordena na rota geográfica do país, universos e sentimentos, em geral, relegados ao esquecimento.
Nos extras, dois números gravados num palco sem plateia – Eu Velejava em Você (Eduardo Dussek/ Luiz Carlos Goes), que representa o Amor, e Sete Trovas (Consuelo de Paula/Etel Frota/ Rubens Nogueira), a Festa -, e um pequeno documentário que registra uma apresentação de Bethânia na Basílica de Aparecida do Norte, no dia 12 de outubro de 2004, que traz ainda depoimentos de fiéis e romeiros, além do encontro conclusivo da cantora com Dona Canô, a Devoção.
Além do DVD dirigido por André Horta, Amor Festa Devoção sai também em Blu-Ray e CD duplo.
Maria Bethânia
Amor Festa Devoção
Lançamento: Biscoito Fino
Preço Médio:
CD Duplo: R$40
DVD: R$ 45
Blu-Ray: R$70
Além da última estrela (Dominguinhos / Fausto Nilo)
Além da última estrela
Além da insensatez total
Vão as palavras mais belas
Além do fim do jardim do caos
É uma verdade que eu vivi
Quando tentei te acompanhar
Segui a cor do teu sorriso
E me enlouqueci sem tempo nem lugar
O véu da brisa passará
De manhã sobre nós
Vendo a cidade pela janela
Sei que não somos sós
Mais uma vez só bastava pedir
Um tudo de mim por nada de mais
Deixar meus lábios felizes assim
Falando essas loucuras
Minhas palavras têm pouco a dizer
Porque teu silêncio é mais
Quem dera ter o prazer
De ser um verso em tua voz
Minhas palavras têm pouco a dizer
Porque teu silêncio é mais
Quem dera ter o prazer
De ser um verso em tua voz